Devido à inserção progressiva das mulheres nas universidades e no mercado de trabalho, o sonho da maternidade tem sido adiado para uma idade em que, muitas vezes, as condições biológicas não colaboram muito para a reprodução. Para falar sobre este assunto acompanhe a entrevista com o ginecologista obstetra Waldemar Naves do Amaral, especialista em reprodução humana.
Fertilidade descendente
A gravidez depois dos 35 anos gera algumas dificuldades, tanto no aspecto materno, quanto fetal. Via de regra as mulheres, nessa idade, começam a perder suas chances de engravidar, porque a fertilidade é descendente a partir dos 35, 37 anos. Ocorre uma perda progressiva na capacidade de ovulação, de fecundação e na implantação. A dificuldade de implantação acontece primeiro porque o óvulo tem a idade da mulher, segundo porque o endométrio fica menos receptivo ao embrião.
Risco de malformações fetais
Esta é a dificuldade seguinte, porque aumenta o risco de abortamento devido a alguns detalhes, como malformações. O índice de malformações em fetos de mulheres até 35 anos é em torno de 0,5%, aos 37 anos vai a 2%, aos 40 anos vai a 5% e aos 44 a 10%. Aumenta também os riscos da trissomia do 21, que é a síndrome de Down, trissomia do 18, que é a síndrome de Edwards e a trissomia do 13, que é a Síndrome de Patau. E o surgimento dessas trissomias também ocorre de forma bem progressiva.
Alterações metabólicas
Além disso, a maioria dessas mulheres apresenta alterações metabólicas, causadas pela própria idade e pelos maus hábitos de vida, como obesidade, hipertensão e diabetes. E todas essas doenças levam ao risco aumentado da pré-eclâmpsia. Então, existe um lado materno alterado, um risco fetal bem evidente e uma capacidade de gravidez bem menor. Isto significa que as possibilidades de resultados são reduzidas.
Congelamento de óvulo
Porém, é possível contornar e ter uma criança. A mulher que decide ou precisa esperar para ser mãe tem que estar com a saúde preservada. Tem que manter um bom controle alimentar e controle de infecções sexuais, além de evitar os maus hábitos que levam a alterações metabólicas. A parcela das mulheres que procura a maternidade após os 35 anos é cada vez maior. Se a mulher chegou aos 34 anos e não tem parceiro, aconselhamos a fazer o congelamento do óvulo. Aí, mesmo que ela venha a engravidar daí a 5, 10 anos, o óvulo vai estar parado nos 34 anos.
Método confiável
O risco do óvulo apresentar alterações em uma mulher de 42 é muito maior do que a de um óvulo congelado quando ela tem 34 anos, tanto no risco de malformação, quanto de abortamentos. Inclusive, a mulher não sabe que dia o ovário vai parar. A média das mulheres para totalmente de ovular aos 50 anos, mas a capacidade reprodutiva geralmente só vai até os 44 anos, sendo que algumas param dos 37 aos 44. O congelamento de óvulos com sucesso começou a apresentar bons resultados em 1996. E tem tido aplicação mais ampla nos últimos sete anos. É algo novo. Mas o que se tem de pesquisa em torno disso é que ele preserva as condições da idade do momento do congelamento.
Fonte: Contato Comunicação